quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Sessão Especial celebra 30 anos da CUT


Trabalhadores, lideranças sindicais e parlamentares se reuniram na manhã de hoje, 03 de outubro, no auditório João Batista da Assembleia Legislativa do Pará durante sessão especial para celebrar os 30 anos da Central Única dos Trabalhadores (CUT).  Presidida pelo deputado Zé Maria (PT), autor do requerimento que solicitou o encontro, o evento apontou rumos para o movimento sindical e relembrou a trajetória de luta e importância histórica da instituição para a redemocratização do Brasil.
“A CUT representa um modelo vitorioso de organização. No Pará, ela cumpre um papel fundamental na mobilização dos trabalhadores. Nesses 30 anos temos muito a comemorar, mesmo que ainda tenhamos muito pelo que lutar e muito a construir. A CUT não só contribuiu no combate a ditadura, como na luta pelas ‘Diretas Já’, mas também pela constituinte de 1988”, discursou Zé Maria da tribuna para um auditório com representantes de diversas categorias, entre elas os Bancários e Correios, que estão em greve por melhores condições de trabalho e recomposição salarial.
A diretora sindical Vera Paoloni, da Federação Centro Norte dos Bancários, afirmou que a CUT se apresentou no cenário nacional ao longo da história como um projeto que se contrapôs ao conservadorismo e ao atraso representado pelo modelo de desenvolvimento imposto pelo capitalismo. “A central sempre teve a capacidade de representar o trabalhador e fazer o contraponto junto ao movimento. A CUT foi o carro chefe das grandes lutas no Brasil nos últimos tempos. Fizemos coisa no Pará de uma saliência e luta incomum”, declarou.
“Não se pode falar de mudanças no Brasil nos últimos 30 anos sem falar da CUT”, bradou Martinho Souza, presidente da Central Única dos Trabalhadores. Compondo a mesa da sessão estiveram também o técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), Roberto Sena, Francisco Fernando Ribeiro, da Força Sindical, Jorge Ferreira, do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Tecnologia da Informação do Estado do Pará (Sindpd), e Carlos Augusto Silva, presidente da Fetagri-Pa, além dos deputados Márcio Miranda (DEM), presidente da Alepa, Alfredo Costa (PT), Carlos Bordalo (PT), Edmilson Rodrigues (PT), Milton Zimmer (PT) e Airton Faleiro (PT).
Entre os encaminhamentos, Zé Maria aponta a apresentação de uma moção na Alepa em apoio à luta dos trabalhadores dos Correios como uma medida imediata. O Senado Federal aprovou em julho projeto de lei que anistia os trabalhadores da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) demitidos pela participação de movimento grevista entre os anos de 1988 e 2006. O texto amplia a lei vigente sobre anistia para a categoria, atualmente restrita ao período entre 1997 e 1998.
Foi solicitada aos parlamentares a inclusão do debate sobre a terceirização da exploração do petróleo do pré-sal no campo de Libra. A proposta é fortalecer a Petrobrás e afirmar que os trabalhadores não concordam com esta medida. Os líderes sindicais pediram, também, que os parlamentares reiterem a posição da Casa a favor da proposta de unificação do Plano de Cargos, Carreiras e Remuneração (PCCR) para todos os trabalhadores em educação.
Dias de luta
De acordo com o deputado, defendendo a tese da liberdade e autonomia sindical consagrada internacionalmente, a CUT nasceu das mobilizações populares contra a ditadura militar no final dos anos 70, das lutas contra a unicidade sindical (sindicato único imposto pela legislação, o imposto sindical contribuição financeira compulsória), o direito normativo da Justiça do Trabalho, a ingerência do Estado nas relações entre capital e trabalho, e da defesa da livre negociação.
“Ao questionar frontalmente os limites da estrutura sindical oficial, implantando a sua própria estrutura organizativa, a luta dos trabalhadores da cidade e do campo assumiu importante dimensão política no processo de redemocratização do país”, justifica Zé Maria.
De acordo com a própria entidade, a luta pela democracia e a defesa da liberdade e autonomia sindical constituíram a bandeira fundamental do novo sindicalismo que resultou desse novo processo de mobilização. A criação da CUT, coroando esse processo, deu inicio a uma nova etapa na historia do movimento sindical brasileiro.
Estatuto
Os princípios básicos de atuação da CUT, estabelecidos no seu Estatuto e consolidados ao longo de sua trajetória, a definem como central classista, democrática e autônoma, comprometida com a solidariedade internacional dos trabalhadores. O compromisso com a defesa dos interesses imediatos e históricos da classe trabalhadora, a luta por melhores condições de vida e trabalho e o engajamento no processo de transformação da sociedade traduzem o caráter classista da CUT.

A CUT tem autonomia em relação aos governos, aos partidos políticos, aos empresários e aos credos religiosos. Consideram que a unidade dos trabalhadores deve resultar da vontade dos próprios trabalhadores e não da imposição por parte do Estado. Os ideais democráticos defendidos pela CUT traduzem-se na luta pela ampliação da cidadania e dos direitos políticos dos trabalhadores, como também na composição e no funcionamento dos seus organismos internos de decisão.

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